Resumo de noticias da madrugada
01/01/2025



Presidente do Retrô-PE, recém-promovido à Série C, revela inspiração em Eurico Miranda

Em meio ao êxtase pela conquista inédita do título da Série D, o experiente lateral-direito Toty cochichava com seu patrão. Ao pé do ouvido, fez-lhe um pedido.

""Presidente, quem não lhe conhece, não sabe como você é importante e bom. Por favor, pare de brigar""
— sussurou o jogador

O "presidente" é Laércio Guerra. Famoso por não ter papas na língua, no que ele denomina como um ato corajoso, o empresário é dono do Retrô-PE, "novo rico do Nordeste" a ascender à Série C.

E, por trás do clube, há um cartola (para dizer o mínimo) nada convencional. Em entrevista de cerca de uma hora na sala de seu escritório, o ge conheceu a vida - e os contrassensos - de Laércio Guerra de Melo Júnior.

De quem ostenta Ferraris na garagem, tem o clube (literalmente) como quintal de casa, Eurico Miranda como referência de cartola e o sonho de jogar a Série A muito em breve. Ambicioso, Laércio admite, com certa ironia, ser um sujeito afortunado.

"Como eu dou sorte em algumas coisas, é capaz de acontecer... Vamos ver aí".

Laércio Guerra posa com a sua Ferrari Spider 488: 'No Brasil, só eu e Neymar temos' — Foto: Arquivo Pessoal

Suburbano, antes de tudo

Antes de apresentar o Laércio gestor e multimilionário, é preciso, antes, revisitar o Laércio suburbano.

Aluno de escola pública, do colégio Dom Vital, o garoto nasceu e cresceu em Casa Amarela, bairro da Zona Norte do Recife, com a mãe costureira, Lenilda Rodrigues, o pai taxista, Laércio Guerra, e as irmãs Shirley, Alessandra e Simone.

Uma família que sempre viveu no aperto, mas a paixão pelo futebol era um fio a se apegar. Como "qualquer menino humilde do subúrbio", diz o dirigente, sonhava em ser jogador.

Com 10 anos, Laércio chegou a montar um time no bairro, o Sírio de Casa Amarela - em homenagem ao Esporte Clube Sírio, equipe de basquete de São Paulo. Comprou as camisas, pintou o uniforme com os amigos, mas fracassou na empreitada. Não foi a primeira vez.

Laércio Guerra, presidente do Retrô, ainda criança, aos 2 anos — Foto: Arquivo Pessoal

- Meu primeiro negócio foi vender pinto. Eu vim descobrir que uma galinha era cara quando eu fui para a feira. Eu disse: como é que a galinha é cara e o pinto é barato? Aí comecei a criar pinto para vender galinha. Mas um mês depois morreram os pintos todinhos, porque eu não sabia cuidar de pinto.

Assim, a instiga precoce para os negócios começava a aflorar, em contrapartida ao histórico pouco exemplar nos estudos. A falta de proximidade com os livros, no entanto, não impediu Laércio de terminar o ensino médio e o superior.

A veia empreendedora toma forma

Graduou-se em Administração em universidade particular com ajuda do dinheiro que ganhava como estagiário, uma espécie de faz tudo, no antigo Banco Real. Experiência que seria um pontapé para se transformar no empresário de porte que é hoje.

- Tinha uma relação muito boa com os clientes e comecei a conhecer o pessoal da indústria farmacêutica, que também era cliente do banco. Dali, conheço Bolívar, um cara marcante. Pedi uma chance para ele no laboratório, fui para entrevista e deu certo - relembra.

Laércio Guerra, presidente do Retrô, em entrevista ao podcast GE Corinthians — Foto: Reprodução

Laércio começou a ganhar um bom dinheiro, estava satisfeito com a carreira - havia iniciado até uma pós-graduação em Economia -, quando escutou a sugestão de um colega de trabalho.

- Pô, tu conversa bem, fala bem... Por que tu não vai dar aula em faculdade?

A sugestão do amigo virou realidade, embora o dirigente não esperasse tanto sucesso.

- Minhas aulas de marketing lotavam, lotavam. Então eu disse: "C..., vou aprender a mexer no sistema e entender quais são os critérios para abrir faculdade".

O dom com a palavra surpreende até quem convive quase que diariamente com Laércio.

O experiente atacante Fernandinho, ex-Grêmio, Flamengo e São Paulo, é um dos que se reconhece impactado: "









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