Resumo de noticias da noite
05/09/2025
Ex-atacante do Vasco, Jardel fala sobre sua luta contra o álcool, a cocaína e a depressão
Jardel relata rotina diária contra o vício em droga e a depressão: "Não posso mais errar"
Mário Jardel de Almeida Ribeiro adotou o lema de viver um dia de cada vez. Aos 51 anos, o olhar ao passado remete lembranças positivas e outras negativas, das quais ele quer provar que abandonou. A grande batalha da vida do ex-atacante de sucesso com passagens por Vasco, Grêmio, Porto, Sporting, Galatasaray, entre outros, é provar a si mesmo que é uma nova pessoa.
A cabeça, que o ajudou a fazer fama e a marcar a maior parte dos gols de sua carreira, agora é o seu principal aliado (e adversário) para conseguir viver além do futebol. Jardel busca equilibrar a saúde mental para ficar longe do vício em álcool e cocaína.
Morando em Fortaleza, sua cidade natal, Jardel tem rotina bem menos agitada se comparada aos tempos de jogador profissional. Entre atividades físicas e uma alimentação regrada para perder os quilos que acumulou com a aposentadoria, a igreja se tornou importante aliada dos remédios que toma para combater outro problema: a depressão.
"Você sai de casa e encontra uma pessoa que já oferece droga, isso é fato. Você escuta: "Dá um papelote pro cara""
— Jardel
– É matar um leão todo dia, sem dúvida. Para todo adicto é uma luta diária. Fiz alguns tratamentos, me recuperei e estou firme e forte para que os caminhos se abram mais ainda. Eu não tenho vergonha de falar, as pessoas que me conhecem têm a consciência da pessoa que sou: boa, que fazia mal só pra mim. As tentações vão vir, mas quanto mais você está perto de Deus, mais Ele te escuta e te protege.
– Sou um homem de casa, igreja, me fortalecendo em Deus para afastar as pessoas que não merecem estar perto de mim. Levo uma vida bem familiar, até porque, por prevenção das coisas que eu passei, me preservo de muitas coisas que me faziam mal. Hoje levo uma vida bem serena, tranquila, fazendo meus eventos fora do Brasil, fazendo jogos amigáveis. Recebo bastante convite, até porque tenho que pagar contas, né? Não ganho mais salário milionário, busco ter uma vida com a família, bem regrada, com cuidados por tudo que passei. Depois que parei [de jogar], hoje tenho a consciência que isso teria que ser mudado, e foi – conta.
Jardel recebeu o ge para uma conversa em sua casa em Fortaleza — Foto: Emilio Botta
A depressão não é o único adversário atual de Jardel, que passou por diversos tratamentos para amenizar os efeitos da doença. Dependente químico confesso desde o início dos anos 2000, diariamente o ex-jogador evita ambientes e companhias que, segundo ele, o levaram a uma vida "desgraçada". Em 2007, depois de sofrer uma overdose, Jardel passou a encarar o problema de frente e falar sem qualquer pudor sobre a dificuldade que é se manter livre do álcool e da cocaína.
– Aonde chego, existe aquela pessoa oferecendo coisas. Tem que ser forte para negar, nunca usei droga quando estava jogando e agora, com essa nova vida, a mudança que me determinei a fazer, tem uma importância muito grande [recusar]. A responsabilidade dos eventos, de estar perto do pessoal da alta classe, dos jogos, vai sempre ter o cãozinho atentando, oferecendo. É uma luta diária. A depressão vem, os problemas, o gatilho... tem que ser controlado pela sua mente – revela Jardel.
Jardel evita falar sobre quando tempo está "limpo" (sem usar droga), mas garante que "há um bom tempo" não tem contato com a cocaína, que teve papel fundamental para um término de carreira distante do imaginado por ele, quando deixou o futebol em 2010, no Cherno More, da Bulgária.
– Não sei o quanto, mas bastante tempo e bem consciente disso que hoje é mais um dia. Estou feliz com o meu estado atual. Tomo meu remédio para dar uma ajuda pra dormir, tomo antidepressivo, não muito como tomava, mas tomo um pouquinho... – disse.
"Sou um cara que hoje tem a consciência que não posso mais brincar. A vida é muito bonita para gente brinca